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"A vida tem caminhos estranhos, tortuosos às vezes difíceis: um simples gesto involuntário pode desencadear todo um processo. Sim, existir é incompreensível e excitante..." (Caio F. Abreu)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Não escolhemos a quem doaremos...AMOR !

Amor é algo que se doa sem esperar doação em troca. Não há barganhas para esse sentimento. Ou gostamos de alguém e, assim, o trazemos para nossas vidas, pensamentos e orações, ou então fará parte daquele "ene" número de pessoas que passarão por nós, acrescentando ou não alguma coisa.

Hoje lembrei de um certo dia, num ano distante, na Praça Carlos Gomes em Curitiba, quando sentei para relaxar as pernas após uma longa caminhada. Ao meu lado sentou-se um morador de rua e, automaticamente, vendo um maço de cigarros em meu bolso da camisa, pediu-me um. Ofertei aquele "prego de caixão" (sou consciente dos malefícios do fumo), e entabulamos uma conversa.

Senti naquele indivíduo a necessidade de "se abrir" com alguém. Falou-me de sua vida, das agruras pelas quais passou, os erros cometidos, a necessidade cada vez maior do uso de bebidas alcoólicas, e por aí...Falei com ele sobre sobriedade, sobre esperança, sobre a doença que o afligia, sobre a necessidade de aceitação do seu vício e, principalmente, falei de AMOR. Daquele amor que ele perdeu, por si mesmo, do amor que ficou em sua casa, na figura da esposa e filhos, do amor pela VIDA ! Após quase uma hora (não senti sinceramente passar), ele levantou-se, agradeceu minha companhia e, antes de virar as costas e seguir seu caminho, abaixou os olhos e disse quase sussurrando : - Obrigado cidadão, hoje em dia é difícil encontrar quem reparta um pouco de seu tempo com quem não tem nada como eu...

Cidadão ! Pensando no que ele falou, enquanto me recuperava espiritualmente, disse para mim mesmo : - O que leva uma pessoa a perder a sua "cidadania" ? Talvez a falta de amor ? Esse é um exemplo que citei acima, das pessoas que passarão rapidamente pelos nossos caminhos e, pelas quais, não teremos (vamos dizer) amor. Mesmo assim, o tempo que dispendi com aquele irmão e, a reciprocidade de sua companhia e diálogo, não seriam uma forma desse sentimento ? Tenho certeza que sim...

Um comentário:

Bibiana Benites. disse...

Olá Fernando!

Assim como você, eu também fiquei bem triste com a cena que tive que presenciar na noite de ontem.
Mas enfim, o amor é assim mesmo. Um dia está... e no outro... só Deus sabe.

Beijos querido e ótimo início de semana!

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