Hoje lembrei de um certo dia, num ano distante, na Praça Carlos Gomes em Curitiba, quando sentei para relaxar as pernas após uma longa caminhada. Ao meu lado sentou-se um morador de rua e, automaticamente, vendo um maço de cigarros em meu bolso da camisa, pediu-me um. Ofertei aquele "prego de caixão" (sou consciente dos malefícios do fumo), e entabulamos uma conversa.
Senti naquele indivíduo a necessidade de "se abrir" com alguém. Falou-me de sua vida, das agruras pelas quais passou, os erros cometidos, a necessidade cada vez maior do uso de bebidas alcoólicas, e por aí...Falei com ele sobre sobriedade, sobre esperança, sobre a doença que o afligia, sobre a necessidade de aceitação do seu vício e, principalmente, falei de AMOR. Daquele amor que ele perdeu, por si mesmo, do amor que ficou em sua casa, na figura da esposa e filhos, do amor pela VIDA ! Após quase uma hora (não senti sinceramente passar), ele levantou-se, agradeceu minha companhia e, antes de virar as costas e seguir seu caminho, abaixou os olhos e disse quase sussurrando : - Obrigado cidadão, hoje em dia é difícil encontrar quem reparta um pouco de seu tempo com quem não tem nada como eu...
Cidadão ! Pensando no que ele falou, enquanto me recuperava espiritualmente, disse para mim mesmo : - O que leva uma pessoa a perder a sua "cidadania" ? Talvez a falta de amor ? Esse é um exemplo que citei acima, das pessoas que passarão rapidamente pelos nossos caminhos e, pelas quais, não teremos (vamos dizer) amor. Mesmo assim, o tempo que dispendi com aquele irmão e, a reciprocidade de sua companhia e diálogo, não seriam uma forma desse sentimento ? Tenho certeza que sim...
Um comentário:
Olá Fernando!
Assim como você, eu também fiquei bem triste com a cena que tive que presenciar na noite de ontem.
Mas enfim, o amor é assim mesmo. Um dia está... e no outro... só Deus sabe.
Beijos querido e ótimo início de semana!
Postar um comentário